Jiu-Jítsu vs Capoeira no Vale-Tudo! Luta embolada do início ao fim

Wander "The Crusher" Braga, jiujiteiro faixa preta e Tony Euriço, capoeirista, em um confronto embolado que entrou para a história do Vale-Tudo.

Em 1997, o MMA moderno ainda engatinhava globalmente. O UFC já existia, mas no Brasil, os eventos de "Vale Tudo" eram os verdadeiros celeiros de talentos e laboratórios de artes marciais. Eram eventos muitas vezes amadores, com regras mínimas e nenhuma luva, realizados em ginásios de cidades do interior. O 1º Circuito Inside Fighter era exatamente isso: um torneio de uma noite só, onde os lutadores precisavam vencer várias lutas para serem coroados campeões. Era um teste brutal de resistência, técnica e coragem.

E naquela noite, a final do torneio colocou frente a frente um lutador de Jiu-Jítsu e outro de Capoeira, um contraste de estilos que nos tempos atuais de MMA é bem incomum, mas que refletia bem o espírito do Freestyle no Brasil na década de 90, onde cada estilo tentava provar que era a melhor de todas as lutas com seus atletas se pegando nos ringues do vale-tudo.

E o Wander Braga, faixa-preta de Jiu-Jítsu, era da escola do Rickson Gracie, aluno do Jorge Pereira, o criador do Rio Heroes, e um dos responsáveis por adaptar a arte do Jiu-Jítsu para as lutas de Vale-Tudo. Apesar disso o Wander sempre buscava usar golpes e posições típicas do Jiu-Jítsu e não apenas para neutralizar, mas para submeter seus oponentes no ringue, mas sem deixar de lado totalmente a trocação, ainda que esse fosse seu maior ponto fraco.

De outro lado, Tony Ouriço era o lutador da "casa", fera da Capoeira, mas que mostrou naquela noite ser bom de Grappling, chocando a todos pela sua resiliência no chão contra um faixa preta de jiu, enquanto mostrava boa capacidade para atacar seu oponente com golpes potentes "de baixo pra cima".

"Monta e desce a porrada nele", gritou o professor do Wander no início da luta. Mal sabia ele que levar a luta pro chão com o capoeirista não significaria moleza. O que se viu foi um combate suado e embolado. Duas lendas do vale-tudo brasileiro, lutando de sunga como todo bom lutador raiz daquela época, e travando uma luta com muito grappling.

Um verdadeiro combate de artes marciais mistas, com rounds longos e sem interrupções de árbitros por excesso de chão, como todo torneio de vale-tudo deveria ser. Confira o vídeo a seguir e aproveite.